sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Um ano de amor

Há exatamente um ano, no dia do aniversário da cidade de São Paulo, eu saí de Salvador "de mala e cuia" e de peito aberto para tudo o que a vida tinha a me oferecer. Cheguei aqui numa quinta-feira sem nem saber onde ia morar, mesmo tendo ficado uma semana em busca de apartamento. Me arrisquei? Talvez. Mas quando a gente quer uma coisa, nada disso é obstáculo. No dia seguinte, fechei o contrato de hospedagem e pude, enfim, saber onde viveria pelos próximos seis meses. Não era o ideal, mas foi o que surgiu.
De lá pra cá, o que mudou? Muito. Eu diria que quase tudo. Eu mudei, a vida mudou, minha relação com as pessoas daqui e da Bahia mudou. Agora, já moro num apartamento que está começando a ter a minha cara. Tenho a sorte de trabalhar ao lado de casa, que é o sonho de todo mundo. Trabalho com gente muito boa, num ritmo muito bom, sem stress e fazendo o que eu gosto.
Descobri que nada sabia sobre São Paulo. Revi meus conceitos sobre os paulistas, que me receberam muito bem e nunca foram frios. Descobri gente educada e gentil, quando sempre me disseram que era o contrário. Descobri que dá pra andar de ônibus sem sofrimento, sem preconceito, sem medo. Nunca, por sequer um momento, me senti insegura aqui, mesmo sempre batendo pernas sozinha.
Eu amo essa cidade. Amo as opções que ela oferece, o verde dos seus parques (de dar inveja a qualquer cidade "não cinza") e a cor rosa meio alaranjada do céu quando o sol se põe. Amo seu trânsito, seu clima bipolar e o transporte público que, mesmo não sendo o ideal, nunca me deixou na mão. Amo morar perto do trabalho, dormir até mais tarde e almoçar em casa todos os dias. Amo conseguir comprar o que eu quero nos supermercados e feiras orgânicas sem pagar fortunas por isso. Amo ter acesso a museus, livrarias, teatros e cinemas espalhados por todos os cantos.
Muita gente ainda me pergunta quando é que eu volto pra Bahia e a minha resposta é sempre a mesma: "se Deus quiser, nunca mais". Eu sempre digo que nunca digo nunca pra nada, mas eu realmente acho que me encontrei aqui. E se nunca me identifiquei com a Bahia, por que voltar pra lá?
Mas as pessoas não entendem. Ou melhor: não aceitam. E são sempre as mesmas que me perguntam isso o tempo todo. Na cabeça delas, talvez seja loucura minha optar pelo clima bipolar de São Paulo, pela cor cinza (apesar de eu não enxergá-la), por não querer estar na praia todo sábado. Mas gosto é gosto. Nunca abri a boca pra dizer que quem gosta de morar na Bahia é louco. Simplesmente não quero estar lá.
Meu amigo Sergio, que é paulista de nascimento e baiano de coração, me diz que Salvador é boa pra passar férias, e eu concordo. Quando vou pra lá, passo um final de semana ou feriado e é o suficiente. Mais do que isso eu não aguento. Não sinto falta de Salvador. Sinto falta, sim, das pessoas que lá deixei, mas isso eu consigo superar nas rápidas visitas que faço ou recebo.
Em resumo: vivo muito bem, obrigada, e me sinto feliz como há muito tempo não me sentia. E isso, amigos, é o que importa.
Parabéns, São Paulo, pelos seus 459 anos, e obrigada por ter me recebido tão bem. Que seja infinitivo enquanto dure esse amor.

3 comentários:

  1. Ainda conheço pouco São Paulo, mas já vi que não é tão ruim como falam!

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  2. Bu! Que bom que você se encontrou em Sampa. Eu adoro esta cidade. E olha que só estive aí a passeio e apenas em três oportunidades. Mas me encantou de cara. Eu viveria fácil e felizmente em Sampa, apesar de achar o Rio ainda mais bacana. Sampa não tem nada de cinza, é muito mais verde do que se imagina e tem opções que não se encontra em praticamente nenhum outro lugar. Que bom que você está feliz. Eu fico muito feliz por você. Quando for aí, a gente se vê pra tomar um chopp e colocar o papo em dia. Beijo grande, Ju!

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  3. A única coisa que posso dizer é que sinto muito orgulho de ser seu amigo. Mulher guerreira, destemida e verdadeira. Que Deus te ilumine! Beijooooo

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